Oficina de Autorretrato com Jacqueline Hoofendy: uma reflexão sobre ser mulher, união e respeito

Já falei aqui sobre a Oficina de Autorretrato que fiz com a Jacqueline Hoofendy pelo Festival Paiol de Fotografia e como ela foi um divisor de águas para minha forma de ver o mundo e a arte, para minha forma de me ver artista e de entender a autobiografia. 

A generosidade da Jacqueline em compartilhar seus processos, em ensinar, ouvir, instigar foi um ponto de partida importante para que eu desenvolvesse a Oficina de Iniciação ao Processo Criativo, que ministro ao longo desse mês de julho e que também tem sido de extrema importância para minha compreensão de como pretendo atuar na cultura, nas artes e na vida. 

Hoje quero compartilhar a reflexão que tive logo depois de a oficina acabar.

Em um dos meus "fluxos de pensamento", escrevia sobre minha relação com a minha irmã e a percepção de que essa relação é também uma relação entre duas mulheres, quando segui:

"Acho que esse tem sido um tema importante: a relação com outras mulheres. Acho não, sei. Um tema importante e presente. Não de uma forma clichê ou banalizada, mas de uma forma natural e ancestral. A relação entre mulheres puramente, sem a interferência ou presença de homens. A Oficina me foi muito enriquecedora nesse sentido: pude ouvir de fora profunda outras mulheres, saber quais são suas questões - que muitas vezes são comuns a todas, comuns a muitas, ao menos - e pude ver como elas as elaboram, absorvem e transpõe em símbolos, em imagens, em arte. Acompanhar mesmo que um pouquinho o processo, que envolve história, elaboração e reelaboração, foi muito bonito e acho que isso se deve muito ao fato de não ter sido uma oficina voltada para mulheres. Ter sido com mulheres, não de nem para mulheres. Perceber como ser mulher transpassa tudo que sentimos ou fazemos mas que não é tudo que somos ou podemos ser. Vi um falar sobre ser mulher sem falar sobre ser mulher. E pensar que isso aconteceu na presença de homens, homens respeitosos, sensíveis, complexos, que têm a consciência de que são homens e do que isso significa. Fiquei encantada com esse grupo e a potência do respeito e da escuta."

Esse foi o período em que comecei a estudar sobre arquétipos e pensar mais em ancestralidade; comecei a pesquisar mais a fundo e a entender sobre a força (ou energia) feminina e masculina para além das questões - ou obrigações - sociais. 

Essa oficina me ensinou sobre a força da troca e da união, sobre a potência de se mostrar e se abrir para crescer em conjunto. Espero ter alcançado algo minimamente similar a isso com a minha Oficina.

Com carinho,

Lorenza







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