uma proposta
Semana passada enviei seis cartas com a introdução e a estória que seguem para pessoas diversas, que se voluntariaram através do meu Instagram. A ideia surgiu de reflexões sobre coletividade, materialidade e sobre arte postal e propõe que essas cartas circulem por aí, que o enredo vá se construindo aos poucos e em conjunto. Deixo aqui as instruções e o embrião da estória, caso alguém mais queira participar. Peço que deixe meu nome como responsável pela ideia e siga as instruções, inclusive de envio final para o endereço citado abaixo.
Estou curiosa para saber no que essa estória vai se transformar.
Espero que gostem.
Com carinho, Lorenza
"Querida pessoa,
Meu nome é Lorenza Vicelli
Gioppo, sou artista visual e esta é uma proposta de escrita coletiva através da
troca de cartas.
Escrevo essa introdução em agosto
de 2021, em meio a pandemia de covid-19, um momento em que reavaliamos nossas
relações com os Outros e nossas noções de coletivo. Essa proposta é também,
portanto, um experimento, um termômetro da nossa capacidade e vontade de criar
em conjunto, com pessoas que conhecemos e pessoas que não conhecemos.
Junto com essa carta, envio
outras cinco. Darei um jeito de compartilhar quantas cartas voltaram para mim e
depois de quanto tempo, assim como o resultado das nossas escritas.
Nessa carta há uma estória já
começada. A ideia é que você acrescente uma parte a ela, que pode ser inventada
ou criada a partir de alguma coisa que você viveu ou ouviu. O importante é que
faça sentido com o que já está escrito – afinal é uma proposta de escrita
coletiva e o objetivo final é ter uma estória completa.
Seguem algumas orientações se
serem seguidas para que a proposta se desenvolva:
- Tente escrever com uma letra
legível: é importante que todas possam entender o que você escreveu;
- Se possível, escreva a caneta;
- Escreva o quanto quiser ou
sentir necessidade;
- Quando terminar, envie essa
carta a alguma pessoa que você conheça que dará continuidade a estória. É
interessante que seja uma pessoa interessada para que o projeto se conclua.
- Mande junto com a carta o
envelope ou os envelopes que você recebeu, para podermos mapear quem participou
e por onde nossa estória andou.
- Você pode enviá-la para pessoas
de qualquer lugar do Brasil ou do mundo. Só é necessário que o destinatário
compreenda português.
- Se quiser, envie junto
fotografias, desenhos, pequenos objetos e outras coisas que você acha que podem
agregar à estória.
- Fique à vontade para usar quantas folhas for necessário.
- Se você receber essa carta no
final da estória, depois de concluí-la, a envie para o endereço Rua Francisco
Rocha, 1827, apto 1001, Bigorrilho. CEP 80730390, Curitiba – PR, Brasil.
Com carinho,
Lorenza Vicelli Gioppo
Ela sempre foi uma pessoa organizada, metódica quase. Cada coisa tem sua casa, pensava, e, depois de tantos meses dentro da sua, podia dizer de olhos fechados onde era a morada de cada um de seus objetos. Também costumava dizer que a melhor parte de morar sozinha é que as coisas ficam exatamente onde você as deixou. Por isso, pode-se imaginar seu susto quando as coisas começaram a desaparecer: primeiro foi um brinco, que ela não usava há algum tempo e que deveria estar no porta-joias, na primeira gaveta da penteadeira; então suas canetas, que sumiam como canetas BIC em escritórios. Nem tudo desaparecia, no entanto, alguns livros ficavam perdidos por um dia ou dois e então voltavam pro seu lugar; outros apareciam em lugares inusitados de repente, como se alguém estivesse lhe pregando uma peça. A gota d'água foi quando a chave de casa, que mora no porta-chaves, que por sua vez fica na mesinha perto da porta, desapareceu."
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