reflexões sobre um quebra-cabeça
Ontem, depois de pouco mais de um mês, terminei o quebra-cabeça que decidi montar numa espécie de metáfora e desafio para esse ano. Fiz um post sobre isso, mas hoje quero compartilhar alguns aprendizados e reflexões que tive durante essa tarefa e como percebi que montar um quebra-cabeça pode ser um ótimo exercício para processo criativo.
O quebra-cabeça ser da Monalisa me ajudou a relacionar a montagem ao processo artístico: conforme encaixava as peças e a figura ia se formando, pude perceber a complexidade da variação de cores (ainda que as cores da pintura tenham mudado ao longo do tempo), dos detalhes, da composição e me relacionar com a criação daquela imagem. Fui me apaixonando pela Monalisa mais do que ao vê-la ao vivo ou pelas leituras que já fiz sobre a obra, o que me fez pensar que todo tipo de criação exige que nos apaixonemos pelo objeto de trabalho, que mergulhemos nele, beirando, às vezes, uma certa obsessão.
Com a montagem, entendi que quanto mais me dedico a alguma coisa, mais a conheço e assim mais fácil fica lidar com ela. No começo, todas as peças pareciam iguais, mas com o tempo e a persistência, comecei a conseguir a diferenciar as variações de cores e os formatos de peças e fui desenvolvendo técnicas para montagem: nos tons de azul/verde e bege, relacionei as cores, nos tons de preto e marrom, fui pelos formatos, testando, muitas vezes, peça por peça até encontrar a certa. Um verdadeiro trabalho de paciência e dedicação.
Dividir as peças em grupos, seja por cores ou por formatos, foi essencial. É mais fácil entender e administrar grupos pequenos de coisas, dando a atenção devida para cada uma delas, como o famoso um dia de cada vez. E fazendo isso, pude entender um pouco mais dos meus limites, habilidades e formas de pensar: em quantos encaixes consigo me concentrar ao mesmo tempo? quantas soluções consigo buscar por vez? Normalmente, uma por vez.
O fato de essa atividade durar dias, sem que houvesse muita perspectiva de finalização ou mesmo possibilidade de estabelecer metas, foi bastante enriquecedor. Exercitei a concentração prolongada e a calma - e essa última é um tema muito discutido na minha análise rs.
Precisei estar atenta aos meus limites - a cabeça e a vista começavam a cansar - e ao do material. Tinha horas que parecia que as peças não queriam ser encontradas e horas que praticamente pulavam no lugar certo (a sorte parece ter seu papel em todo tipo de processo). Em muitos momentos, precisei parar, fazer outra coisa, para em seguida voltar e sentir o trabalho fluir. As coisas tem seu tempo. Nós temos nosso tempo.
Não imaginei que era possível aprender tanto com um quebra-cabeça. Acho que descobri um novo hobbie.
Como sempre, com carinho,
Lorenza
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