eu gosto de fazer faxina
Sempre fui uma pessoa bastante organizada. Gosto das coisas arrumadas e limpas, sinto que minha cabeça funciona melhor, colocar as coisas em ordem é o primeiro passo do meu processo criativo e do meu dia a dia. Com a quarentena, aprendi a desapegar um pouco disso, porque como passamos mais tempo (todo o tempo) em casa, a casa fica mais bagunçada e não tem como fazer faxina todos os dias.
Tenho percebido que existem tipos diferentes de bagunça e que cada um deles fala um pouquinho de como eu estou. Tenho me esforçado pra perceber essas diferenças e como lidar com elas: se é melhor organizar a casa e fazer uma super faxina, se é melhor me permitir (ou às vezes até me forçar) ficar na bagunça, se é melhor um meio-termo e se for um meio-termo, entender o que devo arrumar e o que não. Fala-se bastante de cuidar da casa como uma parte do autocuidado e amadurecimento - já que a casa é, querendo ou não, uma extensão da gente e que cuidar dela faz parte das responsabilidades do mundo adulto -, mas é também autoconhecimento. Percebo isso cada vez mais.
Hoje, fiz faxina não só porque a casa estava realmente precisando mas porque precisava marcar o começo de um novo ciclo. Não coloquei música, como de costume, e ouvi meus pensamentos. Limpando minhas coisas me conecto com elas, com suas história, com o que significam pra mim e como elas contribuem para que eu seja quem sou. Venho pensando bastante sobre isso, os objetos que contam quem sou.
Durante a faxina, me movimento, fico suada e descabelada. Me conecto com meu corpo e com minha casa, cada cantinho dela, cada objeto, cada plano - o baixo, o "meio", o alto. Curioso pensar que vivemos a maior parte do tempo no "meio". Durante a faxina penso em tudo e não penso em nada, organizo meu espaço, minha mente e meu coração.
Eu gosto de fazer faxina.
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