hoje é aniversário da minha irmã
Hoje, dia 10 de junho, é aniversário da pessoa mais divertida, espirituosa, perceptiva e inteligente que eu conheço, e da minha companhia predileta. Hoje é aniversário da minha irmã.
Alguns diriam que ela é minha "meia-irmã", porque somos filhas só do mesmo pai, mas não acredito nisso. Às vezes penso que não temos nem o mesmo pai: vendo meu pai sendo pai de outra pessoa, 15 anos depois, percebo como ele mudou e como as memórias de infância que eu tenho serão muito diferentes das dela. Mas somos irmãs, irmãs inteiras, irmãs e ponto.
Costumo brincar com ela sobre me surpreender com o fato de que ela é uma pessoa. É óbvio que ela é uma pessoa, mas fico admirada de vê-la crescer e se desenvolver, expressar cada vez melhor seus gostos e opiniões, manter uma posição e comunicá-la diante do mundo e diante de mim. Me admira perceber que ela é tão ativa quanto eu na construção da nossa relação e me preenche perceber que a nossa relação é só nossa e que a ajustamos juntas, sempre que necessário, por meio de linguagens que vão muito além da verbal. Mesmo eu morando longe e estando em outra fase de vida, temos muito pra contribuir e admirar uma na outra.
Sem ela eu não seria uma irmã mais velha e, nos últimos anos anos, descobri que ser uma irmã mais velha é uma das coisas mais legais e preciosas do mundo inteiro. Existem algumas características que só irmãos mais velhos têm.
Pensando nisso e que minha relação com ela é uma relação entre duas mulheres, uma que ainda nem formou botões e outra que desabrocha, decidi escrever pra ela. É uma ideia meio clichê, mas vou fazer mesmo assim. Vou escrever sobre como é ser uma jovem mulher, sobre como nossa relação se desenvolve e se estabelece, sobre o momento que vivemos e sobre o que eu percebo nela que ela ainda é muito pequena pra ver. Essa é uma das vantagens de ser irmã mais velha: a gente sabe, lembra e ama coisas sobre nossos caçulas que eles não fazem nem ideia que existiram.
Ela me faz pensar muito sobre a passagem do tempo. O tempo todo. Quando sinto saudades e quando ela brinca sobre meus cabelos brancos. Pretendo escrever até ela ser uma jovem mulher, pra que ela leia e se sinta menos só, para que saiba que nossa relação sempre teve um milhão de camadas e saiba como elas me influenciavam. Como nossas experiências são diversas e ainda assim similares - essa parte termos certeza só daqui 15 anos. Decidi escrever num caderno amplo e simples, com espirais, pra ter a facilidade de ter o material organizado e para ter a liberdade de arrancar as folhas e reorganizá-las se um dia quiser(mos) fazer algo com isso. Vai ser algo muito pessoal, mas também será pensado como obra, com fios condutores bem estabelecidos. A ideia é essa pelo menos. Veremos. Daqui 15 anos eu conto pra vocês.
Da irmã mais feliz do mundo,
Enza
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