Minha dosagem de vitamina D

Depois de descobrir minha varanda, percebi que lá bate sol praticamente a manhã inteira - acho que perceber onde bate sol em casa foi um exercício bastante comum na quarentena - e comecei a passar as manhãs lá. Lendo, mexendo no celular, ouvindo os barulhos da rua e me olhando no reflexo do vidro. Acho que depois de terminar, a gente sente uma necessidade de se voltar para si, olhar mais de perto pra gente mesmo e tomar sol de manhã se tornou meu momento, quase sagrado, de reparar em mim mesma. Comecei a documentar esses momentos e postar no Melhores Amigos do Instagram, o que me incentivava a manter o hábito vivo. Aos poucos fui percebendo que, dependendo do horário da postagem, os stories se acumulavam e parecia que eu nem tinha saído do lugar, o que faz ainda mais sentido levando em conta que estamos no meio de uma pandemia, não podemos sair de casa e os dias parecem mesmo todos iguais. Mas foi só quando meu amigo Alê comentou sobre isso que decidi fazer desse hábito um trabalho de fato, uma performance. Nem sei se é possível isso, uma performance que nasce sem pretensão. Pesquisarei mais sobre isso depois. Mas por ora penso como é importante a opinião e até validação dos outros, pois conforme mais amigos comentavam e até esperavam pelas postagens, mais instigada a fazê-las eu ficava. 

Continuo tomando meu sol, mas não registro mais. Aprendi - ou aprendi um pouco mais - sobre a hora de dar um trabalho por encerrado com "Minha dosagem de vitamina D". 

Uso o sol na varanda (durante a performance e agora também) para escrever um fluxo de pensamento, que aprendi como fazer e aplicar no curso da Yohannah: escrever cerca de três páginas - geralmente faço menos do que isso, mas escrevo sempre o máximo possível - durante a manhã para destravar o pensamento, descarregar a mente, entender a direção do raciocínio e abrir espaço para a criatividade. Sempre mantive diários e escrevia com frequência, mas o hábito do fluxo de pensamento tornou minha relação com meu caderno, com meus processos e ideias e consequentemente comigo mesma muito mais íntimas e produtivas. Recomendo imensamente e recomendo também o perfil da Yohannah, artista incrível, complexa e jovem. Como já disse acho importante termos acesso a artistas jovens, que produzem hoje. 





meus companheiros das manhãs: o Sol e o caderno. 
Preenchi mais cadernos desde o curso do que na vida toda.












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