um breve comentário sobre meu cabelo
Desde criança sempre tive cabelo curto. Sempre me reconheci no cabelo curto. Mas, por causa da pandemia, não corto meu cabelo há bastante tempo. Lembro de uma vez ter visto uma making of de "Enrolados" e de um dos animadores falar que o cabelo da Rapunzel foi um desafio, porque em todos os planos era necessário pensar onde e como ele estaria e como ele influenciava na composição do quadro. Foi meio assim que me senti nos primeiros meses com o cabelo mais comprido: não foi uma escolha, não podia sair para cortá-lo e tive que me adaptar a ele. Realmente me adaptar: olhar pra minha cara e ver uma moldura diferente da que eu estava acostumada e até mesmo da que eu desejava, perceber que ele tem vida própria, que requer mais atenção (costumava ser do time cabelo curto e prático). Descobri que é gostoso passá-lo nas minhas costas, que passo muito tempo de cabelo preso e que dependendo de como prendo ele fica mais volumoso e às vezes até quebradiço. Tem vezes que o cabelo comprido me faz sentir mais mulher, tem vezes que me lembra o balé. Me dei conta de como me adaptei a esse cabelo quando fui tentar regravar a performance "todo espaço que há pra mim" pra mandá-la pro festival (falo sobre isso no post anterior) e que estava ficando muito ruim. Faltava alguma coisa e juro que tem a ver com o cabelo: se na época da performance eu ainda me adaptava e sentia ele como alheio a mim, agora ele é realmente meu - inclusive com seus fios brancos apressados. Meu cabelo me faz perceber que tem coisas que não posso controlar, mas que posso muito aprender com elas e torná-las parte de mim também.
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