redescobrir a casa e descobrir o autorretrato

Acredito que todo mundo, em um ponto ou em outro da quarentena, se viu obrigado a redescobrir a própria casa.

Eu descobri a minha varanda e a minha vizinhança, descobri onde o Sol bate no apartamento e em quais horários e descobri que onde o Sol bate muda dependendo da época do ano. Estabeleci de uma vez por todas que minha casa é em São Paulo e descobri que ela é meu lugar de maior segurança e, consequentemente, meu lugar de maior criatividade. 

Fotografia era um tema que me dava certa insegurança, mas estar nesse espaço seguro, ter passado por um momento de mudança muito grande com o término e pela consciência do momento histórico que estamos vivendo, venho sentindo a necessidade de registrar mais a minha rotina, meus hábitos e afazeres, meu espaço e meu corpo. Minhas relações com todos eles mudaram muito nos últimos tempos e fotografá-los tem me ajudado a compreender essas mudanças e também tem me ajudado a desenvolver meu olhar. Meu olhar fotográfico, meu olhar artístico e meu olhar íntimo. 

Fotografo bastante com o celular mas admito que prefiro a analógica, desenvolvi uma relação bem íntima com ela. Como demoro pra revelar os filmes, quando vejo as fotos tenho certo distanciamento, o que me faz buscar e tentar entender o que eu estava sentindo naquela época, ou seja, me ver de outra forma. Como estamos isolados, sou eu que registro situações importantes na minha vida, das mais relevantes as mais banais. Foi assim que me dei conta que o autorretrato é um tema que me interessa muito e a partir da oficina de autorretrato com a fotógrafa Jacqueline Hoofendy, oferecida pelo Festival Paiol de Fotografia, que participei recentemente, começo minhas pesquisas sobre esse tema. 















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