Para Além do Ato

"fiz esse vídeo há uns meses, logo depois de ter terminado, enquanto me debatia pra entender o que sou eu e o que é o mundo que eu vejo depois desse término. hoje as coisas estão mais claras, mas volto a esse vídeo pra refletir, pra equilibrar ação e contemplação, abstrato e concreto. pra ir procurando, nadando sem mais me debater." 

Foi com essa legenda que publiquei a videoarte, talvez a mais profunda e complexa que fiz até agora, meses depois de tê-la feito. Ela nasceu de conversas que tive com um amigo sobre a virtualidade das coisas - que nesse momento parece cada vez maior -, a abstração, a dialética, a impermanência. Vinha pensando muito  saudade e sobre falta e quando soube que havia um edital da Funarte acontecendo, decidi fazer um vídeo.

"Quero falar sobre saudade, sobre o lugar de afeto, aconchego e intimidade de um relacionamento, sobre como esse lugar é simbólico e difícil de ser descrito, sobre como ele é preciso e impreciso ao mesmo tempo e sobre como ele não existe a não ser naqueles momentos. Pretendo expor isso através de um texto e de imagens imateriais, virtuais no mundo real, físico. Quero trabalhar a virtualidade no mundo real, representar a transposição do mundo das ideias no mundo tangível. Como isso pode ser preciso e pode ser fugaz, como isso depende do momento, do ângulo, do presente para existir. Mais que liquidez no sólido, gasoso no sólido". Fiz também uma lista de objetos a serem gravados.



Ter o prazo e o propósito do edital foi fundamental. Foi meu incentivo para mergulhar dentro de mim, acessar o que eu queria (ou precisava) falar, como eu queria falar e me organizar para executar tudo isso. Foi importante também ter um objetivo concreto para mostrar para minha família. 
No meio disso, minha mãe teve covid e precisei ir para Curitiba. Lá, encontrei apoio da minha família e o peixe da minha irmã, que acabou virando a estrela do vídeo. Não fiz o texto para narração como pretendia, muitos objetos não entraram, outros foram substituídos, o vídeo ganhou o corpo que precisava ganhar, ganhou vida própria e eu me obriguei a escutá-la e respeitá-la. Foi o primeiro vídeo que editei inteiramente sozinha. 

Aprendi muito fazendo esse vídeo. Muito mesmo. Ele foi feito em um momento bem difícil e introspectivo, em que pude me ouvir de uma forma diferente e assim ouvir também o mundo de uma forma diferente. 
Gosto muito desse vídeo. Minha mãe, que também passava por uma separação, também.

link para o vídeo: https://vimeo.com/521033212

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